Por Beatriz Lacerda Miranda
CAMERON, W. Bruce. Quatro vidas de um cachorro. Tradução Regina Lyra.
Editora Harper Collins, Rio de Janeiro RJ, 2017.
“Todo cachorro existe por uma razão.”
Willian Bruce Cameron é um escritor, colunista e humorista nascido no estado de Michigan, Estados Unidos. É mais famoso por seu romance A Dog’s Purpose (Quatro vidas de um cachorro), o livro que inspirou o filme.
A história de um cão que,
após renascer várias vezes começa a se questionar se haveria algum proposito
para isso. Toby (o primeiro nome que recebeu) era um cachorro de rua, até ser
levado por Bobby para um “pátio” onde haviam outros cachorros. La ele conhece
Spike, o “dono” do território, mas não entendia por que devia obedecer a ele e
por que ele ficava com os melhores ossos. La ele também conheceu Coco, um cão
por quem tinha certa amizade.
Dias de
brincadeiras se passam até que em uma tarde, algo acontece.
“- Não! Não! Vocês não podem levar meus
cachorros!
O sofrimento em sua voz era indisfarçável, e
Coco e eu afagamos um ao outro, assustados. O que estaria acontecendo?”
Após ser colocado
em uma gaiola e levado para um lugar estranho Toby, com a pata doendo após um
confronto com Spike, percebe dois homens falando, olhando para ele, abana o
rabo, mas devido a dor só consegue ouvir: “- inadotável”.
Toby é levado
para uma sala quente, onde também estavam Spike e uma cadela muito velha. Se
sentindo cansado, deita na gaiola e observa os cães ao seu redor fazerem o
mesmo, e então descansa.
“Fui tomado por um cansaço tão pesado e
opressivo quanto sentia, em pequeno, quando meus irmãos deitavam em cima de mim
me esmagando. Fui pensando nisso - em ser um filhote – que comecei a mergulhar
num sono escuro e silencioso[...].
Sem ser convidada, a tristeza que eu sentira
em Bobby se apossou de mim e eu quis dar um jeito de chegar até lá e lamber a
palma de sua mão, devolvendo-lhe a felicidade. De todas as coisas que fiz na
vida, provocar seu riso me pareceu a mais importante, a única coisa, conclui,
que dava sentido a minha vida.”
Companheiro (o
segundo nome que recebeu) acordou com uma lambida e percebeu que sua mãe agora
era outra, era maior e loira, e seus irmãos não eram mais marrons e sim loiros,
como ele.
Depois de mamar,
companheiro percebe uma porta aberta e resolve ir se aventurar, sai decidido a
encontrar Coco, mas no caminho sente mãos ao seu redor.
“- Ei, companheiro, venha cá!.”
Colocado no banco da
frente de um caminhão, companheiro observa o caminho, até que o caminhão para e
o homem ao seu lado desce. Companheiro se diverte com um pano, fazendo o tempo
passar, mas começa a ficar quente demais, ele deita e vai ficando fraco, então
pensa: “Meu nome é companheiro", E apaga.
Bailey (o terceiro
nome que recebera) foi acordado desta vez no colo de uma moça, que tinha ao
lado um menino, cujo nome era Ethan.
Logo percebeu que ele,
Ethan, era seu novo dono, Bailey cresceu ao lado de Ethan, conheceu seus
amigos, entre eles Todd, um menino de quem Bailey nunca gostara. Eles tiveram
várias aventuras e Bailey fora muito feliz, até a noite em que, com um estrondo
no meio da noite, uma janela foi quebrada. Bailey, encontrou a pedra que foi
atirada.
“Quando encostei o focinho nela,
imediatamente reconheci o cheiro. Todd. “
Mais alguns anos se passaram, Bailey e Ethan, a quem Bailey se referia
como meu menino, cresciam juntos cada vez mais.
Ethan agora já adolescente, passava mais
tempo na escola, e passou a trazer uma menina para casa, Hannah. Um dia, em um
passeio no parque onde Ethan jogava com os amigos, Bailey, ao lado de Hannah,
assistia apreensivo Todd se aproximar.
Na mesma noite, ele
acorda com um grito da mãe e cheiro de fumaça. Fogo! Em minutos se vê do lado
de fora, mas tem algo errado, cadê o seu menino?
“Afastando-se da casa, vi uma figura que a
princípio pensei ser o menino, só quando essa pessoa se virou para jogar mais
liquido de cheiro forte nos arbustos da entrada, consegui identificar seu
cheiro: Era Todd.”
Ele fareja e encontra
o menino, machucado, caído em cima de um arbusto.
Bailey é colocado em
um carro e levado para a casa da vovó, e por vários dias espera o seu menino
voltar, mas ele já não é mais o mesmo, está cansado, com dores, e triste sem o
seu menino.
Em mais uma manhã de
espera, Bailey percebeu certa ansiedade nas pessoas da casa, e se perguntou
quem devia estar chegando, até que ouviu o menino.
Sem conseguir se
levantar, ele abana o rabo e sente o menino o abraçar, e logo depois, todos da
família. Com a respiração áspera, percebeu a presença de outra pessoa na casa.
“O moço bonzinho entrou, trazendo uma agulha.
Temos de fazer isso agora, Bailey não
precisa sofrer.
-Está bem-disse o menino, chorando. Tentei
abanar o rabo quando ouvi meu nome, mas descobri que não era capaz. Senti uma
picada no pescoço.
-Bailey, Bailey, Bailey. Vou sentir saudades
suas, cachorro boboca- sussurrou Ethan no meu ouvido. Seu hálito era cálito e
delicioso. Fechei os olhos de prazer, o puro prazer do amor que vinha do
menino, do amor dele por mim.”
Ellie (o quarto nome que recebeu) acordou ao lado de sua nova mãe, e
agora, percebeu que era femea, estava em uma loja de animais, e fora escolhida
por um homem, Jakob, que concluiu ser seu novo dono.
Ellie ainda se lembrava
do menino, e sentia falta dele, mas não podia pensar nisso, era agora um cão
policial e tinha treinamento a fazer. Seu novo dono, Jakob a treinou, e depois
de um tempo foram a campo. Ellie não era mais um cão de banco da frente, agora,
era um cão de helicóptero.
Estava em mais um dia de
trabalho, com seu novo dono, agora nem tão novo assim. Era uma perseguição,
tinha que encontrar uma menininha.
Era uma boa menina, era um
bom cão policial, encontrou a menina e mordeu o moço mal, mas não protegeu seu
dono, seu dono estava machucado.
Jakob foi baleado, e
Ellie, levada embora, mal se despediu de Jakob e foi entregue a Maya,
aparentemente sua nova dona.
Agora vivia com Maya e
seus gatos, voltou a ser cão de companhia, seu dono Jakob ia visita-la as
vezes, mas não ficava muito. Ellie agora voltou a ser uma cadela normal, que
brinca com a dona.
O tempo passa e Ellie, já
velha, se sentia cansada, sem energia, sentindo dores, foi fazer o seu último
passeio de carro, agora não como uma cadela de banco da frente nem helicóptero,
mas no banco de traz, e dormiu.
Sua nova mãe tinha uma
cara grande e preta, e uma língua rosa, tinha voltado a ser filhote.
Se lembrando de todas as suas vidas, se perguntava o que mais tinha para aprender, não entendia por que voltara como filhote. Foi levado para uma casa, e ganhou o nome Urso, agora pertencia a Wendy.
Mas, Urso percebeu, não ficaria ali muito tempo, Wendy estava triste e o pai dela não gostava de Urso. O pai de Wendy, que batia em Urso, o colocou para fora e Urso, que agora não considerava aquele seu nome, fugiu.
A estrada não era
estranha, ele já esteve ali. Reconheceu então o lago, onde brincava com Ethan.
Estava indo de volta para o seu menino.
Ethan agora o dera o nome
de Amigão, e para ele tudo bem, o que importava era que estava com o seu
menino. Voltou a brincar com Ethan, e com suas antigas coisas, que tinham o seu
cheiro.
Em um passeio normal, reencontraram Hannah, a namorada de Ethan, agora mais moça. Hannah, por algum motivo, o chamava de Bailey, ela o reconhecera, e Bailey não sabia como. O tempo passou e agora Hannah, a menina, morava com eles.
Eles eram felizes,
Bailey, o menino e a menina. Mas ele ainda não entendia, o porquê de ter
voltado, qual era o sentido em ter voltado para o seu menino. Até que o menino
se foi, e ele percebeu que não voltara por ele, e sim por ela.
“Entendi que ela precisaria da minha ajuda para enfrentar a vida sem o menino. [...] O luto doído e profundo que eu sabia ser inevitável logo me assaltaria, mas naquele momento o que mais sentia era paz, além da certeza de que, ao viver minha vida do jeito que vivera, tudo havia se encaminhado para esse momento. Meu proposito tinha sido cumprido”.
“Esta história vivaz e emocionante
encantará a todos os apaixonados por cachorros”
--Booklist.