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segunda-feira, 6 de julho de 2020

Resenha do livro "Contra todas as probabilidades do amor" de Rebekah Crane


Por Beatriz  Miranda Lacerda


CRANE, Rebekah. Contra todas as probabilidades do amor. 2 Edição Brasileira, Barueri SP, Faro Editora, 2019.

“Quando se tem esperanças...Ainda pode mudar tudo”

       
    É o que diz a professora e escritora Rebekah Crane, em seu livro: Contra todas as probabilidades do amor.
       Você pode encontrar o amor onde menos espera, como nos mostra a personagem Zander que, ao ser mandada para o acampamento Pádua, destinado a crianças problemáticas, na tentativa de cumprir as atividades diárias do acampamento, junto com seus amigos Cassie (anoréxica), Alex (mentiroso compulsivo), acaba descobrindo o amor em Grover (um “pré-louco”).
       Mas, como nada na vida desses adolescentes é um mar de rosas, Zander e Grover terão que lidar não apenas com seus próprios surtos e crises, mas também com amigos ciumentos e problemáticos.
       
“Eu matei uma pessoa-Tim responde com a boca cheia de comida-E na verdade o meu nome é Pete.
Certo e quem você matou, Pete? –Grover indaga.
Ninguém, eu só estou brincando de novo. Meu nome mesmo é George. ”
“Cassie pega sua mochila vazia e vira de cabeça para baixo. Uma enxurrada de embalagens de remédios se derrama sobre a cama, remédios para emagrecer. ”
        
      No acampamento onde o intuito é “curar” crianças e adolescentes problemáticos e incentivá-los a lutar pela vida, a autora usa o amor como o principal remédio para esse jovem casal.

“Nós estamos transbordando de vida - Zander.”
          
          O livro traz com muita precisão a ideia de que o amor aparece no momento certo e onde menos se espera.
         Em meio a tanta confusão, será que sobra espaço para o amor? Bom, a autora deixa claro que sim, mostra que mesmo na dificuldade podemos encontrar uma saída. Isso é uma das coisas que faz o livro encantador, divertido e doce, capaz de deixar você com um grande sorriso no rosto.
          É totalmente recomendável para todos os jovens e adultos loucos de amor.

Resenha Livro "A Última Grande Lição" de Mitch Albon



Por Eduarda Oliveira


ALBOM, Mitch. A Útima Grande Lição. 19. ed. Rio de Janeiro: Sextante,2018.

        Obra composta por 160 páginas, relatada por Mitch Albom, sobre o tempo em que passou com seu professor e amigo Morrie Schwartz.

          Mitch, um jovem que tinha o sonho de ser um músico famoso, entra na Universidade de Brandeis e conhece aquele que seria seu melhor amigo e que passaria os ensinamentos mais preciosos e que mudariam seu jeito de observar e agir, o Professor e Doutor em Sociologia, Morrie Schwartz. Logo após se formar,  Mitch viaja à Nova York onde tenta encontrar trabalho em sua área e não consegue. Então, volta a estudar e se forma em Jornalismo conseguindo seu primeiro trabalho como redator de esportes.
          Conheceu uma mulher e se casou, começou a ganhar dinheiro de uma forma exagerada que nunca imaginava, e com o passar dos anos e com o pouco tempo que tinha, seu velho amigo e professor foi deixado de lado.
         Em sua casa, no fim de uma noite, passando os canais na TV, algo prende a atenção de Mitch. Era Morrie sendo entrevistado por um apresentador que queria saber sobre sua vida e a doença que foi diagnosticado ELA  (Esclerose Lateral Amiotrófica) “Estou fazendo a última grande viagem aqui, e as pessoas querem que eu lhes diga o que devem pôr na bagagem’’. Ao ver a situação em que o seu velho amigo passava, Mitch sente-se na obrigação de visitá-lo e a partir desse dia decide fazer visitas semanais ao seu professor.
        Todas as terças-feiras, os dois conversavam sobre diversos assuntos e Mitch ficava ainda mais atento sobre seu modo de vida, vendo que Morrie nunca encarava a morte como o fim.
Morrie relata fatos que aconteceram com ele e mostra através disso como a vida é importante e como deve ser valorizada e aproveitada falando de variados assuntos, falando até sobre as emoções e que devemos sentir até a solidão ‘’Abra-se, deixe as lágrimas correrem, sinta a solidão em sua plenitude, e chegará o momento em que poderá dizer: muito bem esse foi meu momento de solidão, e não tenho medo de senti-la, mas agora vou me afastar dessa solidão e reconhecer que existem outras emoções no mundo e que quero experimentá-las também.’’
       Em cada visita, Mitch via seu velho amigo com uma dificuldade diferente, a doença avançava e devastava o corpo do querido professor e mesmo diante da situação em que ele se encontrava, não deixava-se abater, sempre tinha um de seus pontos positivos em mente. Como quando não pôde mais fazer suas necessidades sozinho ‘’ É como voltar a ser bebê, alguém para me dar banho. Alguém para me erguer. Alguém para me limpar. Todos sabemos ser crianças. Está dentro de nós’’.
        Na décima quarta semana de visita de Mich ao professor, e numa manhã de sábado, Morrie acaba falecendo. ‘’Enquanto pudermos amar uns aos outros, e recordamos a sensação de amor que tivemos, podemos morrer sem desaparecer. Todo amor que criamos fica. Todas as lembranças ficam. Continuamos vivendo. Nos corações daqueles que tocamos e acalentamos enquanto estivemos aqui.’’- Morrie 
          O livro ‘’A Última Grande Lição’’ é de fácil leitura e bem compreensivo, mostra de uma forma linda e com grandes ensinamentos o sentido da vida.
          Durante a obra é visto como a presença da família e de amigos é essencial no suporte de uma pessoa doente, mostra como é imprescindível o contato e o apoio dessas pessoas em momentos de dificuldade. “Quem não tem o apoio, o amor, os cuidados de uma família, não tem muito com o que contar. O amor é supremamente importante. Como disse o nosso grande poeta, Auden: Amem-se uns aos outros, ou pereçam.’’
         Mostra também que você deve se manter firme forte e feliz mesmo diante de uma doença. ‘’Ele não se entregou e nem se envergonhou da morte decretada. Decidiu que faria a sua morte o seu derradeiro projeto, o ponto central de seus dias.’’
           Uma boa narrativa, um bom enredo. Bons momentos filosóficos que nos conduzem à reflexão sobre o real sentido da vida. Não é um livro de auto ajuda. Pelo contrário, uma obra na qual podemos nos espelhar e construir mudanças em nossa existência.

           Mitch Albom é músico, radialista, roteirista, autor best-seller entre outros. Nasceu em 23 de Maio de 1958, em New Jersey, casado com Janine Sabino, possui diploma em Sociologia e Jornalismo. É um autor reconhecido internacionalmente com milhões de cópias de livros vendidas em diversos países.

Resenha do Filme "Jogada de Rei"


Por João Vitor Eufrásio Castro


Jogada de Rei 2013 📕♟ (Filme baseado na vida real). Direção: Jake Goldberger. Produção de Jim Young e Tatiana Kelly. YouTube. Publicado em: 14/03/2020. 121 min. Disponível em: https://youtu.be/UBcivqMXd2s. Acessado em: 15/06/2020.

            Jake Goldberger nasceu em Nova Iorque, 12 de maio de 1977 e é diretor, roteirista e autor de algumas obras. Uma de suas obras foi o filme Jogada de Rei, um drama que foi lançado em 2014 e conta uma emocionante história real, de superação!
            O personagem principal do filme é Eugene Brown (Cuba Gooding Jr.), um ex‑presidiário de Washington, que após obter sua liberdade, tenta refazer a vida como faxineiro, numa escola pública, onde os alunos são problemáticos.
            Um dia ele se vê diante da turma de alunos rebeldes, porque a professora abandona a turma. Ele então, tem a ideia de ensinar o jogo de xadrez, criando um clube para afastar aqueles jovens e adolescentes da rua e da criminalidade. Entre os alunos sobressaem Amendoim (Kevin Hendricks) e Tahime (Malcolm Mays). São meninos bons que se deixam influenciar por um colega que já está na marginalidade e no crime. Amendoim recebe influencias fortes de Eugene, mas fica dividido entre o bem e o mal e acaba sendo morto no lugar de Tahime. Antes de morrer, entrega a Tahime a peça do jogo de xadrez, o rei, presente de Eugene.
           Essa peça, o rei, Eugene recebeu, no presídio, de um amigo que fazia com ele reflexões profundas sobre a vida, quando jogavam xadrez. E foi ensinando a Eugene que as escolhas, as estratégias, as técnicas do jogo são como a vida: exigem de nós disciplina, paciência e planejamento. Uma visão mais inteligente para proteger o rei. O foco durante o jogo deve ser defender o rei! Todas as peças precisam ser movimentadas buscando o cheque mate! Cheque mate é a jogada final, a vitória do rei. Assim deve acontecer na vida! Precisamos ter um objetivo, ter um sentido estratégico para desenvolvermos a nossa vida como o jogo, buscando o cheque mate, ou seja, a vitória!
           Apesar de Tahime estar envolvido no crime, na morte de Amendoim, Eugene continua acreditando em seu talento como jogador de xadrez.
    Com o tempo Tahime se torna um grande jogador e participa de seu primeiro campeonato. E com muito esforço e dedicação conquista o segundo lugar.
        O clube de xadrez de Eugene se torna famoso e através do xadrez, ele inspira mais jovens e adolescentes a deixarem de fazer coisas que poderiam prejudicar suas vidas.
         Esta obra cinematográfica nos ensina muito sobre a vida. Aprendemos que assim como no xadrez, na vida nos temos que planejar, pensar antes de agir e pensar nas consequências de nossos atos. Eugene disse: “Devemos proteger o rei, porque só temos uma vida”, devemos planejar nossas escolhas. Recomendo para todas as pessoas, porque esta obra contém ensinamentos valiosos!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Ler é uma viagem... (relato reflexivo)


Por Viviane Martins


A leitura, para mim, é uma viagem sem destino certo. A cada texto ou cada livro é um lugar que conheço, um ser que me identifico com quem troco sentimentos e emoções. É possível ser o que se sonha, lendo um livro.
Comecei a ler muito cedo, mas não me recordo qual o primeiro livro que li. Lembro de minha mãe contando histórias de sua terra natal, Santa Catarina, histórias sonoras que me acompanham ainda hoje.
Na escola tomei paixão pelos livros, lia todos que os professores indicavam. Aos 12 anos li meu primeiro cânone: Memórias Póstumas de Brás Cubas. Claro que na época não fui capaz de compreender as ironias machadianas, mas lembro-me de reconhecer seu brilhantismo.
Li muitas e muitas obras da Literatura Brasileira, presentes de uma professora de Português, no Ensino Médio. Do amor pelas Letras, fui estudar... Letras!!! E desde a Universidade não passo um dia sem ler.
Hoje, se você olhar minha bolsa, algumas vezes você pode não encontrar um batom, rs, mas um livro você sempre encontrará. 
E essa herança eu quero deixar aos meus descentes: o amor pela leitura.

Uma crônica sobre dois amigos, um morto e um cachorro!


O morto que dismorreu


Por Viviane Martins

A história que vou contar aconteceu na cidade de Itapipoquinha do Norte, lá pras bandas do Ceará. E cidade pequena, já viu, todo mundo conhece todo mundo e quem pode mais, chora menos.

Acontece que na cidade tinha um velho muito turrão que passava o dia arrumando encrenca e arrastando um cachorro pela corda. Do seu Tonho da Taboca, como era conhecido, não escapava ninguém. Brigava com crianças, mulheres e nem o padre da paróquia escapou.

Mas não é a história da vida do seu Tonho da Toboca que eu vou narrar. Vou contar sobre sua morte que virou dismorte. E pensar que tudo aconteceu comigo e com meu vizinho João!

Na época eu morava sozinho e o João com sua mãezinha, a dona Clô. Na noite anterior à morte do Tonho, tava a gente tomando uma coisinha no bar do centro quando o velho chegou resmungando, xingando todo mundo porque alguém tinha amarrado uma lata no rabo do seu cachorro. Coisa de criança, de certo, mas na falta de criança, a marmanjada teve que escutar.

O João foi tentar argumentar com o velho, pra acalmar o homem, mas que nada, piorou foi as coisas e eles acabaram discutindo. Eu, tentando defender o João, entrei na briga e foi o maior bololó.

Esbravejando, o velho saiu gritando:

- Eu te pego, seus fio de fuampa!!

- Arre, véio mal-criado, Jerônimo.

- Deixa pra lá, João. Se embora pra casa.

Eu e João voltamos pra casa e agora que o inacreditável aconteceu... Como todo dia, acordei às 5 da manhã pra trabalhar e quando abri a porta, na área de minha casa, estiradinho, com o maldito cachorro do lado, tava ele, o Tonho da Taboca.

- Valei-me, minha Nossa Senhora! Que diabos esse véio tá dormindo em minha porta?

Cutuquei o homem com o pé e nada. O cachorro gania e eu tava com medo que o infeliz acordasse a vizinhança!

-Vou chamar o João.

Peguei o telefone e liguei para o celular do João, afinal já imaginou o susto da dona Clô se eu batesse na porta naquela hora?

- Aaaalô?

- João, é o Jerônimo, pelo amor de Deus, acorda e me ouve.

- Jerônimo, isso é hora, home?

- João, tu não sabe o que aconteceu? Lembra do veio que a gente se meteu naquele emboléu de ontem, lá no bar?

-Ah, véio Tonho. Vai dizer que ele tá na tua porta?

- E num é que tá! Mortinho na minha porta!

- Como é que é? Arre, tu matou o véio?

- Deixa de ser abestado, home. Claro que num matei o véio. Mas que ele tá mortinho na minha porta, ele tá. E junto do maldito cachorro!

- Tô indo aí pra gente vê o que faz.

João desligou o celular, saiu sem fazer barulho para não acordar a dona Clô, e chegou em minha casa.

- Vixe, que esse véio mal morreu e já tá fedeno!

- O fedor é desse monte de cocô que esse cachorro lazarento fez na minha porta! O que vamo faze, João? Chamar a polícia?

- Não, Jerônimo! Todo mundo viu a nossa briga, vão achar que nóis demos cabo do véio! Vamo é sumi com ele daqui.

- E o cachorro?

- Vai junto, ué. Vamo coloca esse chapéu nele e enrolar um lenço no pescoço, pra ninguém reconhecer. Aí a gente deixa ele sentado num banco da praça que alguém vai encontrar...

- E achar que ele morreu ali, de bebedeira!

- Isso. Amarre o cachorro e coloque nessa bolsa, ele é pequeno e cabe.

Nós dois, em compasso, levantamos o Tonho e ele ficou apoiado, como se tivesse  bêbado. Para andar no nosso passo, o João deu de amarrar as pernas do morto nas nossas, e assim, quando nós andávamos, parecia que ele também andava. O cachorro, eu levei nas costas.

Não foi fácil driblar as pessoas que passavam por nós, o padeiro, dois matutos que iam pra roça e até o vigário que tava regando as flores da igreja nos primeiros raios de sol.

- Dia, padre! Resolvemos dar uma caminhada logo cedo, respirar ares matinais.

- Fazem bem, filhos! Mas, seu amigo não está muito agasalhado para o dia de hoje?

- Que nada, padre, ele é do sul, sente frio à toa. Passar bem, padre!

- Vão com Deus!

“Aff, só se for nóis, porque o diabo já deve ter carregado o infeliz do Tonho da Taboca!”, sussurou o João.

O fato é que chegamos ligeiro na praça. Sentamos o infeliz num banco, bem embaixo de uma jaqueira, quem sabe eles não podiam achar que ele morreu por conta de uma jaca na cabeça?

Feito isso, sentamos um de cada lado do morto, pra rezar um Pai-Nosso pela alma do pobre infeliz e daí, em pleno “Amém”, num é que o véio dana de se mexer! Resmunga alguma coisa, e de olhos fechados, se deita no banco!

- Valei-me que é zumbi!

- Rala daqui, Jerônimo, que ele voltou do inferno pra levar nóis!

Nunca corri tanto na minha vida. Em cinco minutos tava de volta em minha casa, escabefando. O João veio logo atrás, botando os bofes. Só no dia seguinte que a gente descobriu o acontecido de verdade. O velho sofria de Catalepsia.

- Cata o que?

- Catapsia, Jerônimo, uma tal doença que faz a pessoa morrer e dismorrer, coisa assim.

- Aff, minha mãe do céu. E ele tinha que vim morrer justo em minha porta?

- Que bom que o infeliz não se alembra de nadica!

É, minha gente, e essa é a história do morto que dismorreu em Itapipoquinha do Norte.